O José e a Daniela são dois jovens que resolveram fazer uma horta biológica em casa e partilhar o processo nas redes sociais. Descubra o que levou estes jovens a abraçar a terra.
Muitos! Desde o poder colher o próprio alimento, e assim ser o mais fresco possível, ao facto de se poder controlar na totalidade a não colocação de químicos nocivos nas plantas que cuidamos. Funciona como uma terapia, como o desacelerar do dia a dia.
A ideia de começar foi da Daniela, ao ser contagiada pelos seus interlocutores da pesquisa de mestrado que falavam dos produtos biológicos. Ao mesmo tempo criou uma página no Instagram com mero intuito lúdico. Eu, José, pouco fazia a não ser ajudar a tirar as fotografias das plantas e a plantar algumas. Passado alguns meses, comecei a interessar-me. Com o crescente de plantas, criei a Abelha, com o intuito inicial de vender plantas. Posteriormente, mudei a página da Abelha para uma vertente de partilha do que íamos fazendo por cá.
Antes disso, surgiu, também, a obrigação para com a nossa saúde, ambiente e comunidade de não utilizarmos produtos químicos nocivos. Temos de referir que o conceito de biológico pode englobar muito mais do que não utilizar produtos nocivos, por exemplo, as plantações devem situar-se longe de estradas com trânsito elevado, algo que não conseguimos cumprir na nossa.
Não. Eu [Daniela] tenho licenciatura e mestrado em Antropologia, estando neste momento a terminar o doutoramento em Antropologia da Economia e do Trabalho, bem como uma pós-graduação em Responsabilidade Social e Desenvolvimento Sustentável. O José tem licenciatura e mestrado em Antropologia, uma pós-graduação em Marketing Digital e alguns cursos práticos na área do Marketing. Ou seja, tínhamos zero experiência e quase nulo conhecimento no início. Daí que “Se nós conseguimos ter uma horta, acredita, tu também consegues!”.
Não! Obviamente, apresenta dificuldades, mas com o conhecimento certo em permacultura, em consociação de culturas e épocas de plantio, torna-se descomplicada. Em suma, é ir buscar os conhecimentos dos “nossos avós”. Eles não usavam químicos nocivos e tinham sempre grandes colheitas.
Na nossa comunidade, nenhum. Quem nos acompanha percebe o que é a agricultura biológica. Observamos mais o preconceito em conversas casuais em que ouvimos frases como “a fruta biológica é feia”. Isso do fruto biológico ser feio não é regra. O que acontece é que na venda destes não há o calibre do suposto aspeto “bonito”, da maçã redonda e brilhante. É vendida tanto essa maçã como uma menos “bonita”, evitando-se o desperdício.
Foi quando tivemos de vedar, enquanto chovia imenso, uma parte da horta para o nosso cão não a destruir com buracos. Resultado: o nosso cão já não pôde ser agricultor e nós ficámos doentes!
Pela nossa perceção, sentimos que há uma aproximação com o campo, bem como o surgimento de uma forte comunidade de jovens preocupados com o ambiente, sustentabilidade, economia social, moda sustentável, entre outros temas de cariz ambiental, social e económico. Embora algumas pessoas e políticos neguem a crise climática, a verdade é que ela existe.
O que mais nos dá prazer é a colheita dos frutos e das plantas que fomos tratando ao longo do tempo. É ver que o esforço e dedicação surtiu efeitos.
O que nos fascina é a oportunidade que temos em perceber os ciclos da Natureza, o podermos comer o que plantamos e termos a certeza de que é de qualidade.
Abelha, porque as abelhas (e animais polinizadores) são fundamentais para a horta. O 7 surgiu por ser o dia em que o José nasceu e é um número visto como de sorte. Por fim, a palavra “trevos” surge do nosso respeito pela Natureza e no facto de o José ter encontrado um trevo-de-quatro-folhas no nosso quintal.
Comecem por um vaso, por um pequeno canteiro, não importa. Quando colherem o vosso primeiro alimento, vão perceber como vale a pena. Vão respeitar mais a Natureza e vão poder comer com consciência e saborear o verdadeiro sabor dos alimentos. Ouçam os vossos avós, leiam livros de agricultura. O conhecimento não pode ser perdido. E contem connosco para vos ajudarmos nesse processo!
Ler artigo original https://revistajardins.pt/horta-em-casa/